Mar 18, 2007

Deixa só eu contar do forró!!!
Depois de muito enrolar conseguimos finalmente não ter desculpa nenhuma pra fugir do forró de domingo.
Um calor infernal, como deve ser uma noite de forró, pra aquecer e embalar o bate coxa.
Um tempinho de aquecimento na cerveja, mais umas danças pra aquecer os músculos das pernas e relembrar o corpo de todas as dicas fantásticas recebidas no verão passado.
Tenho um problema seríssimo pra dançar e pouquíssimas pessoas são capazes de compreender.
Claro que boa parte da culpa é da minha inaptidão mesmo, de não conseguir fazer minhas pernas e meu quadril se juntarem nesse movimento de contagem tão fácil "dois pra lá e dois pra cá". Ridículo isso quando lembro que já estudei flauta doce, piano e canto, e que deveria pelo menos entender de rítmos e conseguir ouvir o tal do triângulo que marca o tempo.
Mas não consigo.
Aí a situação piora consideravelmente quando lembro que danças de par são sempre machistas. É isso mesmo! Quem decide o que vai acontecer no próximo movimento é o cara.
Foda!
Difícil demais pra uma menina que leva a sério sua independência, que não gosta nem um pouco de ser comandada, muito menos por um bofe, e em hipótese alguma por um bofe desconhecido. Aí, além de pensar que tenho que ser conduzida pelo tal bofe ainda tenho que ouvir "relaxa, eu te guio"!
Ora, quem é tu pra me guiar? Péssimo isso. Travo na hora e pode esquecer o resto da dança, melhor achar outra parceira.
Que que aconteceu no verão passado: um amigo meu sacou esse negócio "feminista" e como ele sabe dançar muito bem me deu altas dicas pra não cair mais nas armadilhas duma noite de baile.
Me deu uma aula de física e não uma aula de dança.
Aí eu entendi tudo!
De física eu entendo, ação e reação, inércia, energia cinética, os tais dos dois corpos que não ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo (isso evita pisões nos pés alheios). Aí foi ficando até possível dançar.
Mas ainda não é com qualquer um, continuo meio dura. Minha mãe esqueceu o requebrado o quadril na mistura genética. Já pensei em processá-la por isso se não conseguir reverter o efeito com as influências do meio ambiente.
Mas voltando pro forró.
O forró do domingo é engraçado, tem aula antes e só fica uma molecada que acabou de conseguir o RG que permite a entrada em estabelecimentos desse tipo e o consumo de bebidas acoólicas. Um ou outro dançam razoavelmente bem e são mais confiantes pra levar a dança.
O calor naquele dia estava insuportável e nem cerveja gelada, nem água, nem refrigereante e nem a pia do banheiro eram capazes de amenizar a situação. Nem a chuva torrencial que caiu por mais de uma hora melhorou. Depois de três ou quatro horas rodopiando no salão voltamos pra casa encharcadas, cabelos molhados da raíz até as pontas, saia grudando nas pernas, a blusa já tinha até outra cor. Dava pra torcer os panos que pingava suor. Eca!!! Delícia!!!
Já o forró da sexta foi mais legal, tinha mais gente, gente mais velha um pouquinho. Nada de conversa fiada, nada de intimidade, pra quer saber nome do parceiro se estamos aqui só pra dançar?
Foi ótimo, uma noite de dança e silêncio, sem pensar em nada. Larguei o corpo e fiquei meditando.
Isso mesmo, meditando, com a cabeça em lilás. Só.
As pernas sendo jogadas pra lá e pra cá, rodopio, troca de parceiro, termina a música e nem dá tempo de chegar na beirada da pista já tem outro chamando... peraí que o sapato tá atrapalhando. Chuto a sandália pro canto. Pronto.
Até que um moreno gigantesco me tira pra dançar, não fala nada, mas me faz de gato e sapato. Parecia nega maluca, sabe aquelas bonecas que ficam com o pé preso no dançarino? Essas.
Chuta prum lado, chuta pro outro, joga pra frente, joga pra trás, não dá nem tempo de tentar travar o corpo, já tá tudo dominado... com a mão na coluna faz o quadril mexer, um apertão desliga todo o corpo que cai pra trás como aquelas girafinhas de elástico do zoológico...
E o corpo todo molhado...
Isso não é forró não, eu conhecia esse tipo de coisa com outro nome...
Só sei que terminei a dança querendo um cigarro.

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