Apr 28, 2007

caixinha de jóias aberta à visitação!
continuação da declaração de amor iniciada no post anterior e inspirada por visitas a blogs alheios.
a ordem dos pontos não representa preferência, é só um número antes de palavras.

1. A Casa da Bóia na Florêncio de Abreu
Bóia não é comida, é bóia mesmo, aquele mecanismo que não deixa a caixa d'água ficar enchendo depois de cheia. Mas é um comércio de materiais hidráulicos, elétricos, utilidades domésticas e metais não ferrosos.
A Casa da Bóia tem umas das fachadas mais lindas de São Paulo, construída no início do século passado, completa cem anos em 2009. Um sobradinho art nouveau tombado em 93 e restaurado duas vezes.
Quando bate o sol nela pela manhã fica toda iluminada e você até esquece que tá no meio daquela zona de vendedores ambulantes de traquitanas que você não sabe como podia viver sem até hoje. Tá, lá vai a esquisitona... Mas é que a Florêncio é uma das minhas ruas preferidas, e eu fico enlouquecida nela. Lembrando que é comum me encontrar na rua carregando uma caixa de furadeira num braço e um vaso de orquídeas no outro, e que uma rua que só venda ferramentas me deixa maluquinha saracoteando e construindo coisas na minha cabeça.

2. Rua São Caetano
Rua São Caetano é a rua das noivas. Moças casadoiras de todo o Brasil vão até lá pra procurar seus vestidos, mesmo que o noivo ainda não exista. É também a rua das coisas de costura, venda de máquinas, manequins, araras e tudo mais, mas é por causa dos vestidos de noiva que eu gosto de lá.
Imagine uma rua aonde todo mundo que vai tá feliz e fazendo planos para o futuro! Pois é, é lá!
É lá que todo ano eu e minha irmã fazemos nosso esquete de teatro amador, nosso maior exercício de improvisação e cara de pau.
A primeira vez foi por que a vendedora deu o tema de bandeja e nós duas não pudemos resistir a alimentar o engano dela.
Estava sem dinheiro pra comprar um presente bacana pra Mila e ela tava fazendo um projeto pr'um desfile de noivas na faculdade, muito criativa que eu sou (olha o exercício da cara de pau mais uma vez), dei pra ela a pesquisa de campo. Fomos olhando, olhando, olhando e só tinha vestido muito brilhante, com cara de merengue, ou daqueles quase de princesa cigana, doído de brega... No fundo da vitrine de uma loja avistei um vestido bem simples, de renda, justo ao corpo com cauda de sereia, decote enorme no busto e alças, alças são muito importantes. Entrei direto pra ver, a Mila veio junto. A vendedora chega "Quando é o casamento?" "Setembro!"
Simples assim.

3. a Pinacoteca do Estado
Adoro a Pinacoteca (além de estar pertinho da São Caetano...)!!! O projeto de restauro-reforma de Paulo Mendes da Rocha é lindo, o edifício de Ramos de Azevedo já era lindo antes disso, mas dá um prazer tão grande entrar lá, só ficar passeando já tá bom... O acervo é lindo, adoro ver o acervo dos museus. As exposições temporárias são bem legais, sempre tem um grande artista plástico desconhecido (pra mim) novo pra conhecer e terminar o passeio e dar de cara com música boa no auditório me traz uma paz... depois tem a paradinha no café e o passeio pelos Jardins da Luz pra ver as esculturas escondidas no meio das árvores e o a gruta sob o lago.

4. Plataforma da Estação Sumaré de Metrô
Fico ali esperando o trem lendo os trabalhos do Alex Flemming, vendo o trânsito na Avenida Sumaré, as pessoas correndo no canteiro central, até uns anos atrás ficavam os rapeleiros pendurados nas suas cordas subindo e descendo... Lá é gostoso de ficar à noite, durante o dia, com trânsito cheio e faróis acesos lá embaixo, vendo a chuva, vendo o sol se por... aquele vidro enorme cheio de poesia e fotografia...

5. as Bancas de Flores da Doutor Arnaldo
Sempre que posso volto andando da Paulista pra Vila Madalena só pra passar pelas bandas do cemitério. Aquele paredão de flores, metros e metros de bancas de flores, 23 bancas com flores de todos o tipos, tanta flor que não fica nem um pedacinho de prateleira à vista.
Sempre ganho flores ali...
Tão bom ganhar flores...

Apr 27, 2007

Mais uma declaração de amor.
Dessa vez não vou queimar meu próprio filme como de costume, juro. Não é uma declaração de amor romântico, é uma declaração de amor racional e cultivado ao longo de 26 anos e meio, que já superou diversas crises e agora, maduro, encontra a tranquilidade.
Fiquei com vontade de fazer minha declaração por escrito depois de ler outros blogs [desse que estão listados ao lado(1) (1') (2) (3)] falando tanto sobre isso, e depois porque no final de semana que vem é a Virada Cultural.
Começo por aí, porque acho que participar da Virada Cultural é a maior declaração de amor que um paulistano pode dar a São Paulo. Ficar acordado o final de semana todo, organizar seu tempo pra não perder nenhum dos eventos que te fazem feliz (tem evento pra todo gosto de feliciadde) e vibrar podendo pegar o metrô às 3 da manhã, atravessar a cidade pra ver um show depois de uma récita de poesia, é um tesão que não tem preço.
Amo São Paulo com toda a força do meu coração.
Ô cidade que me deixa excitada!
Fui com minha irmã na primeira edição da Virada, assistimos à shows no Anhangabaú, depois fomos à Casa das Rosas ver uma leitura de um texto do Poe, um pouco de cinema, café pra aguentar mais um pouco (já que irmãzinha não bebe e cerveja é uma bebida para ser compartilhada...), caminhada até o Mercado Mundo Mix e uma chuva torrencial sobre nossas cabeças, as duas molhadas como pintos e o rabo entre as pernas, desistimos do show da Elza Soares e voltamos pra casa.
A edição passada me sacaneou, foi no aniversário da minha sócia, e claro que a sociedade ganha a briga com o evento, mas não significa que ame menos minha querida cidade... (confuso? mas ela não é Baronense de carteirinha? Exatamente, de carteirinha, Paulistana de coração e nascimento).
Agora estou estudando a programação da Virada todinha pra não perder nadinha de nada!

Também estou montando minha caixinha de jóias pra exposição aqui, os cantinhos lindos de Sampa que me deixam feliz da vida de passar por perto... mas são cantinhos, não são grandes marcos, são só lugares que ficam lindos com o sol de inverno.

Ai como eu gosto dessa cidade!!!


p.s.: não ficou parecendo muito racional, né? Ops, talvez não seja... talvez só seja cultivado por muito tempo mesmo...
Comentando a vida alheia...
ai, eu sei que feio, que é falta de educação... meus pais me deram uma boa educação, mas tem coisas que são mais fortes do que os ensinamentos deles.
Se bem que, os dois têm sua cota de observações venenosas...
Agora fico observando as pessoas nos ônibus. Uso duas linhas, com frequentadores bem diferentes. Uma sai de Barão, distrito universitário, e vai para o centro, já o 97 sai do centro e vai pra Sousas, distrito também, cheio de condomínios de alto padrão. Dois caras chamaram minha atenção e por isso as observações de costumes alheios são sobre eles.
Um deles, moreno, alto, não muito alto, fortinho, mas nada exagerado, cabelo escuro despenteadinho de propósito (isso é bem importante, não é desleixo, leva tempo fazer o cabelo assim logo cedo), usa roupas claras, tênis xadrez, calças meio curtas, camisa curta também, ajustada. Um cara desses cult, alternativo "ma non troppo", que estaria muito bem na fila do espaço Unibanco. Está sempre lendo, e espera pelo próximo ônibus se não tiver lugar pra sentar no primeiro que sair (adotei esse comportamento também, o trajeto é longo e ler sentada é mais fácil).
Reparei nele por causa da tatuagem. De costas só vejo um pedaço dela, um bracelete, acho, duas faixas bem pretas, de mais ou menos 1 polegada cada uma, não sei o que tem na frente, nem se tem alguma coisa mais pra dentro da manga... no outro braço ele tem outra tatuagem, mais óbvia e brochante, escrita em letra gótica "amor divino"... Me conta porque maluco tatua " amor divino" no braço? Tá lá, frase solta, pequenininha no braço enorme, totalmente deproporcional e despropositada...
O outro cara tem o mesmo perfil só que na versão magricela nerd. É mais novinho. Esse desce no mesmo ponto que eu. Ele também está sempre lendo e combinaria com a tal da tauagem do amor divino. O moço não pausa a leitura do novo testamento edição de bolso nem pra descer do ônibus. Impressionate a fé!
(pausa para limpar o veneno do canto da boca senão queima a pele)
Vou continuando com minha colação de tipos.
Qualquer dia falo das roupas. Pelamordedeus, quem disse pra essas adolescentes que podiam sair de casa com aqueles figurinos... Afffh

Apr 21, 2007

ai ai... essa vida de cidade pequena tem umas situações ótimas.
Vou contar um causo que é pra deixar esse pessoal que vive entra muros e não conhece os vizinho morrendo de inveja.
No dia da mudança do escritório o caminhão chegou aqui 8:00 da manhã como combinado, carregaram rapidinho e partiram pro novo endereço.
Enquanto isso mamãe pegou o carro e partiu pra Sampa, eu coloquei as últimas coisas da mudança no carro e da Vó e parti também. A casa ficou com cara de abandonada.
Uma meia hora mais tarde o piscineiro vaio terminar o trabalho dele que tinha ficado pela metade no dia anterior. Um entrou pra aspirar a piscina e o outro ficou tirando um cochilo no carro.
A vizinha viu a cena, lembrou do caminhão (não tinha me visto com o caminhão porque eu separava as coisas dentro do escritório), ficou preocupada.
Ligou pra polícia.
Toca a campainha e a Vó atende.
Bom dia, a senhora tem piscina em casa?
Sim, tenho, por quê?
E o piscineiro está limpando hoje?
Não, ele vem de sexta feira. Mas espere, vou ver.
O coitado do ajudante que dormia tranqüilo no carro tremendo feito vara de marmelo, só faltava ser preso por dormir na sombra...
A vó sai de casa e vai até a porta. Três viaturas da polícia, 6 policiais armados, com as mãos prontas pra sacar esperando lá na frente.
A senhora está bem? É mesmo o piscineiro que está aí? Vocês não estão sendo assaltados? Está certa de que não é ladrão na casa levando todos os móveis e computadores? Se for ladrão acene com a cabeça!

Apr 18, 2007

vixi... que breguice... tô parecendo aqueles livros de auto ajuda... aff
Acudam!!!
Esse turbilhão que me pegou tá acabando comigo...
Acabando não, exagero da minha parte, mas tô mais doidinha do que nunca.
Tô que nem a Dorothy no meio do tornado.
Mudanças radicais nos meus dias, na minha vida...
Continuo vislumbrando a tal da liberdade, da independência, e não tô com muito medo não, só um tiquinho.
Parece o básico do básico nego levantar todo dia, de segunda à sexta, se arrumar, trancar a casa e sair pro trabalho, não parece? Transporte coletivo então? Quanto por cento da população urbana brasileira usa?
Pra mim não é básico! Pelo menos até segunda feira não era assim, agora é!
Acostumar o corpo a acordar mais de uma hora mais cedo, comer rápido e sair correndo pra pegar um busão, pra fazer uma baldeação e só então chegar no escritório tá duuuuro.
Não, não sou uma novata no transporte público coletivo, não sou uma dessas pessoas que está tendo contato essa realidade só depois de velha. Fui pra escola por muito tempo de ônibus, já trabalhei bem longe de casa e tinha que sair bem cedo pra não perder o 3.70, mas faz anos que isso não acontece.
Durante a faculdade tinha carona, e quando o horário não coincidia com o de mamacita (que trabalhava do ladinho do meu Campus) eu conseguia voltar a pé (7km na descida é fácil, mais fácil que esperar 3.62 a cada 55minutos). No último ano eu só tinha um dia de aula, todos os outros dias ficava em casa trabalhando na minha monografia.
Acordava razoavelmente cedo, arrumava o quarto/escritório/sala de estudo e começava minhas escrivinhações, parava pra fazer almoço pra família (era um jeito de fazer o vô comer, ele não conseguia negar se eu tivesse feito), retomava o trabalho e só parava pra jantar.
Depois de formada montei (com minhas queridas amigas) um escritório, que por 2 anos e um tantinho teve sede num galpão aqui no quintal de casa. Ou seja, eu não precisava de transporte pro trampo nem de acordar muito cedo. E qualquer emergência era só sequestrar o carro da família.
Acabou minha mamata!
15 minutos de caminhada até o terminal (tá, dá pra pegar o Real Parque aqui na esquina, mas e se eu não conseguir fazer meu exercício no final do dia? melhor ir andando...), 25 minutos num ônibus, desce, sobe noutro, mais 7 minutos com o "baladão sertanejo" (ônibus com música ambiente no interior de São Paulo é o ó) e pronto, tô na nova sede. Na volta inverte tudo, só que tem o agravante do cansaço e da superlotação.

Não, não tô reclamando não. Tô feliz da vida.
Sabe aquela sensação deliciosa de tomar as rédeas da própria vida? É isso!
Tô lá longe por escolha, por investimento. Arriscamos, arriscamos alto, mas isso é importante pro crescimento da empresa, é importante pro crescimento das sócias, pra nossa auto estima...
Por sinal, se eu já era insuportável antes, agora, cheia de mim, super confiante do meu taco (apesar dos tropeços) tô um nojo. Metida que só!
Cuidado!
E o ponto novo tá com cara de apê de Copacabana da novela das oito...

Próximos passos? Meu transporte individual sobre duas rodas e sua devida habilitação, depois o meu canto, meu, sem família, com as minhas contas pra pagar, com minhas coisas, minhas cores e meus cheiros, com meus transtornos obsessivos compulsivos...
São planos que resolvi fazer agora, só porque acho que estão mais próximos da realidade do que achei que estivessem...

Apr 15, 2007

"those who risk, gain"
acabei de ouvir o Orlando Bloom falando isso no maravilhoso Elizabethtown. Adoro (o Orlando e o filme).
Não lembro como foram as críticas quando o filme foi lançado, só lembro do meu choro compulsivo no cinema e depois dirigindo voltando pra casa. Hoje chorei de novo.
Começo com o choro no final do filme mesmo, quando ele para num bosque e dança sozinho entre as árvores. Faço isso às vezes... não entre árvores, entre pessoas mesmo, em pistas de dança e tal...
Mas não, este não é mais um post sobre danças e comportamentos estranhos...
Bem, talvez sobre comportamentos estranhos. Sobre riscos corridos.
Puta merda como minha mira é ruim!!!
Impressionante minha atração por encrenca, por histórias que não serão. Afh!
Sabe aquela história de quem não arrisca não petisca...
Muito esfomeada que sou, arrisco muito. E só passo fome.
Aí que está o problema.
Moço lindo na balada, lindo mesmo (é, se bem que só eu achei lindo, mas amigas com gosto diferente pra homens são ótimas). O único que realmente me chamava atenção... Fui várias vezes lá só pra ve-lo. (um pouco de licença poética, ok?!)
Dia desses, depois de um tanto de cerveja, de um copo de mojitos e de amigos me atazanando pra tomar coragem fui até ele.
"me liga durante a semana!" entregando um cartão com meu telefone.
assustado, muito educado sorriu envaidecido (pelo menos é o que minha memória diz)... até achei que poderia realmente receber o tal telefonema... ai ai ai... ledo engano...
Neste final de semana descobri uma coisa muito impotante: se ele usar meu cartão será procurando uma arquiteta pra construir a casa dele e da esposa...
Tem como errar mais???
Alguém é bom com a cavadeira pra abrir um buraco bem grande pra eu enfiar esse meu cabeção? Vai dar fora desse tamanho lá longe!!!
Errado, muito errado isso!
Bem que podia ter um com aquele número solteiro-disponível por aí, né?
Afff
Bem, mais um mantra na vida... "those who risk, gain"
se fode aí...

Apr 11, 2007

to pack

As caixas vazias aqui ao lado estão trazendo à realidade a mudança do final de semana.
Até agora ela tava mais perto do mundo da fantasia e da vontade, mesmo que falemos dela a cada 15 minutos, não parecia tão palpável.
As caixas estão esperando pelos livros e revistas da estante que vão conosco, mas a estante fica, a que vai é a outra que acabei de herdar.
Hoje a divisória está sendo instalada.
O contrato será assinado.
A lista de coisas a fazer à tarde inclui marcar o caminhão de mudança, fechar a conta da banda larga e do provedor de internet que também não irão conosco pra casa nova, descobrir como transferir o número do telefone pro outro lado da cidade...
O e-mail avisando a todos só vamos mandar depois de devidamente instaladas, pra podermos oferecer um café de verdade.
Sábado "os homens" vêm aqui pra levar tudo embora e o ateliê vai ficar vazio pela primeira vez desde que foi construído...
Bem, vazio naquelas, ainda vai sobrar um monte de coisa nele, mas o espaço ocupado hoje é tão grande que não sei como ocupá-lo com as coisas que ficam.
É uma ansiedade que não me deixa dormir...
E ainda temos que terminar tanta coisa antes da mudança...
ai socorro!!!
ai que delícia!!!
ai que medo!!!
ai socorro!!!

Apr 5, 2007

5 de Abril é um dia negro na minha família.
Há pelo menos 9 anos tememos a data.
Segundo nossos cálculos avançados, a probabilidade de coisas horríveis acontecerem aumenta em pelo menos 300% no dia 5 de abril.
Foi nesse dia que minha vózinha faleceu. Depois de 3 meses de UTI tratando uns derrames depois de uma cirurgia ortopédica devido a uma fratura na cabeça do fêmur causada por uma queda no apê, que evoluíram pra pneumonia, a vó resolveu descansar de vez.

Que eu me lembre ela morreu no final da tarde, era um sábado. Eu ia viajar com o namorado e por qualquer motivo não fomos, só por isso minha mãe nos achou. Minha irmã estava incomunicável numa fazenda com os amigos e ficou se lamentando por muito tempo.
Meu pai passou a madrugada no velório fazendo flores de papel crepom pra enfeitar o caixão. A Dona Meca ia gostar das flores de crepom, ela gostava de fazer coisas bonitas...
As flores ainda estão lá sobre o caixão (sei disso por causa da mudança de túmulo, as flores sobre o caixão salvaram meu pai de ter que ver o corpo da vó já decomposto).

Mas os dias 5 de abril seguintes foram para sempre tensos.

Um deles foi campeão, e espero que mais nenhum dia na vida acumule a quantidade de desespero daquele.
Naquela semana meu vô teve o diagnóstico de metástase do câncer que tinha tratado 2 anos antes. Naquele sábado, 5 de abril mais uma vez, ele acordou e chamou minha mãe.

Isso foi logo cedo, antes do café e dela sair pra dar aula. Queria ajuda pra preparar o testamento, organizar suas coisas. Estava se preparando pra morrer.

Vai ficar pensando "olha só que cara preocupado, importante fazer isso..."
Ah tá, super fácil pensar assim depois, quero ver o sangue frio na hora.
Mamãe saiu atordoada pra dar aula e me deixou incumbida de resgatar minha tia na rodoviária. Minha tia vinha com a notícia de que estava namorando e tava toda apaixonada (essa notícia era boa, agora ela tá casada com ele).

Mila, Li e eu fomos resgatá-la. Isso já era final da manhã, perto da hora do almoço.
Chegamos e a Mila foi brincar com as cachorras.

Gritou e voltou chorando: "Lau, a Life tá dura e gelada"
Só consegui olhar pra casinha dela.
Começamos a chorar compulsivamente, abraçadas, fungando ramelentas. Nem precisamos falar nada e a Li entendeu tudo, se juntou a nós.
Foi horrível! Ela morreu sem aviso prévio. Nunca deu nenhuma indicação de que ia morrer, não tava doente nem nada, simplesmente deitou e morreu em algum momento entre o café da manhã e o resgate da tia.
Uso uma foto da Life no mural ao lado da cama, uma dela e uma minha, parecidíssimas, pra me lembrar de pentear os cabelos e lavar o rosto antes de aparecer em público...

Pra completar o dia delicioso ainda tomei um fora. Tava tão atordoada que fui estúpida e nem deveria ter sido... tive que ligar correndo pra pedir desculpas.

Depois disso o dia 5 de abril nunca mais foi o mesmo, ele é assombrado.

É ainda um dia tenso, que temos que ficar atentas. Se alguma coias pode dar errado é no dia 5. Depois disso passa...
Beijos prá vó Meca, beijos pro vô D.A.
pra Life um carinho atrás da orelha...

saudades de vocês...

Apr 1, 2007

Se tem um episódio de Seinfeld que eu adoro é aquele "the Soup Nazi", sobre um restaurantinho de Nova Iorque que serve sopas pra viagem. Na verdade sobre o dono do restaurantinho.
Um lugar que sempre tem fila e um monte de gente esperando correndo o risco de não ser atendido se não seguir alguma das regas impostas pelo dono do lugar.
Parece que o tal do Ali "Al" Yaganeh, "O" Nazi, não gostou nem um pouco da publicidade e do jeito que Jerry Seinfeld pintou a condução de seu negócio. Mas é fato que o cafofo agora é ponto turístico de NY.
Barão Geraldo, BG para os íntimos, grande distrito cosmopolita do interior de São Paulo, também tem seus comerciantes não deixam nada a dever pro Soup Nazi... no n°1164 da Av Albino J.B. de Oliveira (AKA Estrada da Rhodia) funciona a Casa de Frangos, um lugarzinho apertadíssimo, com uma fila gigantesca e um atendimento de enlouquecer qualquer mortal.
A fumaça da churrasqueira onde os frangos ficam rodando espetados naqueles ferros enormes domina o espaço, cria uma névoa espessa que não deixa que nossa isão focalize o chão ou o outro lado do balcão de atendimento. Ainda bem! Isso nos pemite apreciar todo o sabor do frango sem nos prendermos a detalhes de higiene que vigilância sanitária normalmente cobra...
Impossível resistir ao cheiro que empesteia o centrinho da cidade.