Apr 24, 2011

New York (2)

Foi na segunda-feira que eu realmente comecei a curtir Nova Iorque.
Tudo bem, passear no Central Park é legal pra caramba, mas ele foi construído para que se sentisse o  constraste entre o caos urbano da metrópole e os percursos sinuosos e cheios de surpresa e silêncio do do parque. Sem passar pelo caos das avenidas a sul do parque ele não tem o mesmo impacto.
Então lá fomos nós.
Minha primeira atividade do dia era passar no Consulado do Canadá pra dar entrada no visto. Oito horas da madrugada tinha estar lá com tudo pronto. Enquanto isso o marido ia fazer pesquisa no arquivo do Smithsonian ali pertinho.
O Consulado fica na Avenida das Americas, aka 6th avenu, no subsolo de um prédio com ligação direta pro metrô e pro Rockefeller Center. O arquivo do Smithsonian é do mesmo lado da avenida, uma quadra mais ao norte. (Pra cima?)
As coisas no consulado fora muito mais rápidas do que podia imaginar. tudo bem que meu padrão de comparação era a fila do consulado americano em São Paulo, com 3 horas de espera... No fim, deixei a papelada lá e só tinha que voltar no dia seguinte, desta vez às dez e meia, pra pegar o passaporte com o visto.
O combinado com o marido é que encontraria com ele no final da manhã no arquivo pra gente almoçar, então eu tinha a manhã livre pra bater pernas no centro de Manhattan.
Eu, toda toda, passeando em NY.
O perigo de andar sozinha nessas situações é ser atropelada.
Tem uma lenda que diz que a maioria dos casos de atropelamento em Paris acontece com arquitetos.
Posso acreditar! E imagino que em NY a coisa não seja muito diferente.
Não é por falta de atenção, é por excesso! Tem tanta coisa legal no meio do caminho, e pro alto, e pra trás, e pro chão... tem letreiro, tem gente, tem um milhão quatrocentos e cinquenta e três mil detalhes em cada prédio... não dá pra perder tempo olhando pro taxi amarelo que insiste em entrar na rua mesmo que o sinal esteja aberto pro pedestre.
Por sinal, leizinha de trânsito mais louca essa!

Então vamos lá, recosntituindo o percurso: Saí do consulado na 6thAve com 50thStreet, fui ver se o arquivo era mesmo na 51st. OK! Da 51st segui até a 5th Avenue.
Aí brinquei de madame e fiquei vendo vitrine. Pena que ainda não eram 10h e as lojas estavam fechadas. Fui até a 52nd, voltei, andei até a Madison. Dei a volta na Saint Patrick's Cathedral, santo padroeiro da nossa viagem.
Vi a fila que se formava em frente à Saks.
Andei pela 49th até a Park para ver o Waldorf Astoria

Attribution: James G. Howes
 Na volta, a Saks já estava aberta, mas minha veia consumista não estava funcionando e minha preguiça de experimentar roupas estava forte. Acabei comprando um baton, que era um que eu tava namorando desde o aniversário da minha mãe. Um da Clinique, "cor de boca", sem perfume, com hidratante, protetor solar e que não causa alergia, que custa quase 90 contos no shopping perto de casa e 14 doletas na Saks...
Como ainda faltava um pouquinho de tempo antes de encontrar o marido, dei uma paradinha na H&M pra ver as novidades...
Bom, na verdade foi também uma questão de necessidade. Quando saímos do hostel de manhã, era inverno em NY, mas perto da hora do almoço já era verão.
Segundo o noticiário, a temperatura chegou a 81ºF (27ºC), perto da temperatura recorde pra época.
Mas na verdade só achei uma jaqueta de brim que eu queria fazia tempo...
Hora de encontrar o marido e almoçar. 
Nosso combinado era: Carnegie Deli, perto do Carnegie Hall, pra comer o sanduíche monstro de pastrami e língua de boi indicado pelo Andrew Zimmerman.
Dá pra entender que essas duas camadas de carne são metade do sanduíche e que tem um pedaço igual atrás, né?
Metade pra cada um!
Depois dessa quantidade de comida foi um pouquinho difícil andar sem fazer a sesta, mas fomos fortes.
Andamos até Carnegie Hall, que está reformando a fachada e cheio de andaimes. Ou seja, não vi nada!
Depois voltamos para a 5ª avenida. Um calor de matar, pelo menos pra quem saiu de casa com 2 blusas de manga comprida.
Ainda bem que tinha uma GAP no meio do caminho. 
Devidamente ventilados, continuamos o passeio pela 5ª avenida até o lugar mais legal: a FAO Schwarz.
Loja de brinquedo é tãaaaao legal! Mas o piano que o Tom Hanks toca em Quero ser Grande tinha tanta criança em volta, todos pisando ao mesmo tempo nas teclas do pianos, que saimos correndo de lá rapidinho.
Depois dos brinquedos de criança, fomos na loja de brinquedos de gente grande.
(foto minha)


(fotos do site da Apple)
Lógico que numa linda segunda feira de calor na Big Apple, a loja não se parecia em nada com a loja dessa foto... Gente saíndo pelo ladrão, e nós dois em pânico pensando na fila do caixa pra pagar as compritchas.
Santa ingenuidade, Batman!
Que fila?
Depois de escolhermos todas as bobagenzinhas que precisávamos, a mocinha sacou o iphone (ou seja lá o que for aquilo, só sei que era do tamanho de um celular), leu o código de barras dos produtos com o laser do próprio bichinho, anotou nosso e-mail pra enviar a nota fiscal, passou o cartão de crédito no leitor embutido na máquina, pediu pra gente assinar com o dedo (LOUCO LOUCO LOUCO!!! como assim meu cartão de crédito aceita minha assinatura feita com o dedo sobre uma tela de iphone?), fechou a sacola e... tudo pronto! Sem fila gigantesca. Coisa mais linda do mundo!
Como ainda era cedo e o dia estava lindo, fomos conhecer a loja do restaurador de trompetes dez quarteirões ao sul.
Aproveitamos para comprar os ingressos pro show da sexta no Iridium.
Descansa um pouco, alonga em público. Puxa perna pra trás, alonga a coxa, alonga a panturrilha, alonga os braços, as costas, os tornozelos já estão adormecidos de tanta dor...
Entra no metrô pra ir pra Columbus Circle. Péeeeeeeeeeeeeee! lado errado! 20 minutos pra tomar um café e poder passar o cartão do metrô na outra direção.
Bela exposição de fotografias Traveling Full Circle: Frank Stewart’s Visual Music.
Cheios de panfletos nos bolsos, fomos apreciar a vista do final da tarde sobre NY:

 (foto minha)

Continuando o passeio, afinal o dia é lindo, fomos até o Lincoln Center. Divertida mistura entre turistas e frequentadores, vestidos para ópera e vestidos para compras...
No centro da praça tem uma fonte com um banco circular em volta, cheio de gente. No cantinho da praça uma plaquinha com os horários dos "shows de água", e eu com um sorriso sádico, esperando o show de água começar e molhar todo mundo ali... Acho que ficaram com pena, e as águas dançantes fizeram muito poucas piruetas pro meu gosto. O povo sentado ali nem se deu conta.
Encerramos o dia por aí, saindo pela lateral da praça para ver a Julliard e pegar o metrô de volta pro hotel.

 

Apr 21, 2011

invadindo escola alheia

gente, gente, gente!
acabei de voltar de um passeio muito legal.
Bom, legal pra quem estudou arquitetura, pra quem viajou o Brasil todo conhecendo as faculdades dos amigos...
Hoje, a convite do professor Peter de Bretteville, fui assistir à apresentação dos trabalhos da disciplina de projeto de arquitetura do segundo semestre na Yale School of Architecture.
 (http://www.architectmagazine.com/educational-projects/old-school-new-school-yale-university.aspx)

Na disciplina os alunos devem desenvolver um projeto residencial, no caso, uma casa com 2 apartamentos, sendo um, maior, que seria habitado pelo dono do imóvel e um menor para aluguel.
O terreno, para o projeto é real, o cliente (uma construtora local) é real, o problemas a serem resolvidos são reais. Digo isso, e quem estudou comigo vai entender, porque muitas vezes durante a faculdade sentimos a falta dos problemas reais. Pensar sobre problemas que não existem não é fácil, nem gostoso. Inventar problemas nos deixa mal acostumados...
O terreno do projeto não é muito longe daqui de casa, então fiquei bem empolgada com as propostas, com a leitura dos alunos sobre o bairro, que é bem pobrinho...
Ao todo foram apresentados 6 projetos, que pelo que entendi, já passaram por uma "peneira" antes. Hoje aconteceu mais uma peneira, e no final, o melhor projeto será realmente construído, então a opinião da construtora, que estava na apresentação hoje, conta muitos pontos.
Isso é bem legal, porque universidade (e convenhamos, Yale School of Architecture é uma das mais antigas e importantes faculdades de arquitetura DO MUNDO) e mercado são obrigados a conversar. O cara que produz habitação barata pode ver a produção dos alunos dos arquitetos mais influentes do país, e esses alunos tem que entender que o custo de produção e a "vendabilidade" daquela construção são fatores importantíssimos fora dos belos muros de Yale.
(Yale não tem muros... mas vocês entenderam a metáfora, né?)
Adorei a proposta!
Mas vamos por partes.
Gostei muito do formato da apresentação, e fiquei pensando que foi uma pena não ter pasado por situações assim mais vezes durante a minha formação.
A presentação era em formato de banca.
Cada equipe tinha de 30 a 35 minutos para apresentar o projeto e responder a perguntas. Todos tinha pranchas impressas com as plantas, cortes, fachadas, perspectivas internas, diagramas de composição... Maquetes em papel e madeira, uma maquete só da estrutura (lembrando que estamos falando de woodframe) e maquetes maiores com cortes da casa que a equipe achasse mais interessante para explicar algum conceito. No final, uma maquete 1:100 era colocada numa maquete maior com o entorno de 6 quarteirões.
Nem os professores, nem os convidados, nem o cliente eram lá muito bonzinhos. Foram criticados detalhes construtivos mal elaborados, cozinhas em que a pessoa faz sombra na área de trabalho (ODEIO COZINHA EM QUE EU FAÇO SOMBRA NA ÁREA DE TRABALHO!!! ODEIO!!), mas pricipalmente as entradas e fachadas das casas foram criticadas.
No pedido do cliente, o dono da casa e seu inquilino deveriam ter entradas separadas, a chegada de um não deveria interferir na chegada do outro. Com isso, todos os grupos resolveram que o dono da casa teria a entrada na frente e o inquilino entraria pela lateral. Fosse subindo uma escada ou entrando direto no térreo, todos entravam pela lateral do terreno.
Isso deixou os professores loucos!!!
Olha só o problema que isso cria: o dono da casa não quer saber da existência do seu inquilino, mas o amigo do inquilino que vem visitar só vê uma porta e só uma campainha para apertar. Aí o dono da casa tem que atender a porta e dizer que a campaínha do amigo é na lateral da casa.
Entenderam o conflito?
Arquitetura não é muito emocionante?
Engraçado foi que eu gostei muito de uma proposta que os professores criticaram muito muito muito.
Um dos grupos, ao invés de manter o alinhamento da casa igual ao das outras casas, resolveu que seria mais legal colocar a casa no meio do terro, pra ter mais janelas com sol direto, sem interferência das casas ao redor. Na frente eles criaram um jardim, quase como uma pracinha, pensando que inquilino e dono da casa pudessem dividir aquele espaço, ou que o inquilino usasse a frente e o dono da casa usasse o fundo (espaço mais nobre). Eu realmente achei a idéia divertida, mas eles não defenderem com muito afinco. A crítica dos professores foi de que o bairro não é muito seguro e que equele espaço todo na frente não é nem público nem privado, e que acabaria sendo usado pelos vizinhos também, não só pelos moradores da casa.
Mas o que é que eu vi no bairro que me deixou otimista com a proposta da molecada: nas casa que tem uma varandinha, o pessoal coloca sofá, cadeira, poltrona, mesinha... aparentemente, quando não está frio, o pessoal fica na rua, fica na frente das casas, que nem em cidade do interior, e tem algum relacionamento com a vizinhança, então, se você tem um jardim maior na frente essa interação pode ser maior... talvez os limites estabelecidos pelo grupo pudessem ser um pouco mais fortes, mas a idéia é bem legal.
E falta um pouquinho de espaço público de convivência aqui na cidade...
Mas fiquei realmente muito feliz com o passeio de hoje. A estrutura dos ateliês de Yale eu não vou nem comentar agora, pra não morrer de dor de cotovelo e estragar meu computador com tantas lágrimas de lamento.

Apr 11, 2011

New York (1)

10 de abril de 2011
Hoje chegamos a New York.
Minha primeira visita à Grande Maçã, e vou contar que eu estava com fome de maçã.
Ontem ficamos até tarde cuidando das coisas da viagem, conferindo os endereços que precisamos visitar, decidindo como conciliar nosso turista interno com os pesquisadores procurando informação.  Hoje acordamos cedo pra pegar o trem e chegar a Nova Iorque na hora do almoço.
Não que a gente esteja muito longe, a viagem é de 1 hora e 40, mas o corpo não é muito rápido pela manhã, então a gente precisava de tempo pra ser devagar e pra errar na hora de pegar a passagem comprada pela internet no totem da estação... esse tipo de coisa que acontece com a gente.
A boa notícia é que chegamos na hora, pegamos a passagem direito E pegamos o trem certo!
O único probleminha foi a locomotiva do trem que resolver ter um “minor problem” chegando em Nova Iorque e parar no trilho dentro do túnel esperando ser rebocada.
Descobrimos onde comprar o bilhete ilimitado do metrô (7 dias podendo usar o metrô até meia noite sem ter que pagar mais nada por isso) e nos arriscamos na máquina automática. Frio na barriga!
O infeliz do googlemaps, quando dá o percurso que você deve fazer pra chegar a um lugar, explica como chegar mais rápido, mas não diz que com 2 minutos a mais de viagem você não precisa fazer baldeação.  Sorte que no curso de arquitetura e urbanismo nós aprendemos a ler mapa e descobrimos que um só trem bastava para ir da Penn Station ao hotel.
Check-in rapidinho. Ganhamos o quarto com banheiro privativo mesmo tendo pago pelo banheiro compartilhado!Iei!
Malas desfeitas, corremos almoçar e começar nossa aventura novaiorquina.
Detalhe: melhor guacamole da vida até hoje!!! Restaurante mexicano na Broadway com a West 102th serve guacamole feito na frente do freguês. Abacate fresquinho, aberto na hora...
Corremos pegar o metrô mais uma vez: linha 1 downtown, desce em Times Square, troca pra linha 7, desce na Grand Station, pega a linha 6, desce na 77th e corre até o Whitney Museu pra pegar o último dia da exposição do Edward Hopper.
Eu sempre quiz estar em Nova Iorque pra ver uma dessas exposições que a gente tem notícia pela ilustrada ou pelo programa da Maria Beltrão e fica com um dor de cotovelo danada de não poder ir. Eu fui!
Engraçado é que na bilheteria fiquei encarando um cara, porque achei que era um professor meu. Mas não fazia o menor sentido encontrar esse professor nesta época do ano em Nova Iorque... mas eu conhecia o cara, juro que conhecia... conhecia mesmo, da TV, de algum dos milhões de seriados da TV a cabo.
Depois da exposição resolvemos voltar andando pelo Central Park, já que o dia estava tão maravilhoso e quase não tão frio.  
Devo fazer um comentário sobre o início da primavera e as Sakuras em flor deixando o parque num tom de cor de rosa muito clarinho..

Mas minha forma física atual não permitiu a travessia do parque na diagonal de volta pro hotel. 
A matemática era simples: 107-77=30 pro norte, mais 6 pra oeste (lembrando que os quarteirões são 3 vezes maiores na direção leste-oeste do que na norte-sul), então 18, só calcular a hipotenusa do triângulo e lembrar que os caminhos no Central Park são sinuosos e cheios de surpresas... 
Valeu Olmsted!!!
Óbvio que eu não ia conseguir assim, de primeira... mas valeu a tentativa.
Fizemos uma comprinha no mercadinho da esquina e abastecemos o frigobar do hotel: blueberries, torradinhas, queijo, cerveja, água, iogurte...
A aventura da segunda feira prometia!