Feb 14, 2007

Ontem li Baleia, do Graciliano Ramos.
Já tinha lido antes, no colegial pra alguma prova de literatura, ontem li antes de dormir, sem preocupações com interpretações de texto, com análises mais profundas de literatura, estilo e tal, só li por prazer.
Mamãe ganhou há um tempo um livro com os 100 melhores contos brasileiros (não lembro se são do século passado ou desde sempre), e eu deixo o livro na cabeceira da cama. Toda noite abro numa página aleatória e leio quem sair. Ontem veio Graciliano com a Baleia.
Claro que chorei de novo no final... adoro a Baleia... ela é tão feia e tão linda.
Quando reli o conto descobri de onde vinha a sensação de que já conhecia a Jurema quando nos encontramos pela primeira vez.
A Li e eu fomos buscar a Juju na casa de uma família que estava doando toda a ninhada. A belíssima boxer deles se apaixonou por um bofe que passava na rua e teve uma ninhada enorme sem valor comercial. A Juju era uma das últimas que restavam lá. Isso foi logo depois que minha outra achorra morreu repentinamente.
Ela era tão feia, com aquele maxilar proeminente característico dos boxeres e focinho fino por parte de pai, osa caninos inferiores à mostra fazendo o lábio superior subir, o focinho preto, corpo castanho, peito e patas brancas. Mamãe, quando viu, começou a rir " ela muito feia..." e ria mais. Foi paixão à primeira vista. Eu tinha certeza de que já no conhecíamos.
Ontem, no conto, descobri de onde conhecia Juju: ela é a Baleia na minha imaginação.
Nem adianta tentar me lembrar que a Baleia estava toda cheia de bicheiras, sem pelo, magra de desnutrição; eu imagino a Baleia sempre jovem, saltitante e cheia de vida, do mesmo jeto que ela se sentia. Como no teatro, que mulher é homem, homem é mulher, velho é criança, não importa o corpo do ator, importa a personagem.
Imagino a Juju caçando os preás, feliz como a Baleia, e depois ela traria orglhosa a sua caça pra mim. Com toda a sua magreza, suas costelas aparecendo e suas técnicas de caça desenvolvidas em conjunto com sua grande companheira Carmina.
A Juju tem aquele mesmo olhar de que se acha gente, parte da família. Cumprimenta educadamente todos os convidados da casa. Dá a pata, uma lambida na mão do visitante e um cheiro "Seja bem vindo à minha humilde casa".

1 comment:

Mila Reily said...

é claro que a Juru que tem cara de bezerro e aparencia da baleia é gente... por sinal, todas as cachorras dessa casa são gente... a shispinha é a rainha da Inglaterra, dá o comando e todos fazem tudo que ela quer "ruf" (abram a porta preu entrar) "ruf" (quero sair)... a Nina é daqueles adolescentes trambolhudos, que não tem noção da sua força, estabanada vai trombando em tudo e todos, e não obedece qq um, faz as coisas só pra provar que quem manda ali é ela