Feb 11, 2007

Venenos à parte...

Ontem fui pela primeira vez à hípica. Morando em Campinas há 17 anos, nunca tinha pisado na Sociedade Hípica de Campineira, é mole?
É quase engraçado.
Me perguntaram se não tinha ido a nenhuma formatura, baile de debutante, casamento... não, nada dessas coisas. Uma vez fui na Hípica de Barão, mas ela não é tão chiquetésima quanto a de Campinas.
Tô falando isso porque agora vou começa a falar mal. Não da instituição, que é muito da bem cuidada (exceto o bar...), bonita e tal, mas dos frequentadores.
Vou começar elogiando os bronzeados. Que gente bonita, malhada, bem bronzeada. Não têm essas marcas como eu, a manga da camiseta, o braço esquerdo mais escuro que o direito, ombros e braços mais escuros que o resto do corpo, nada disso. As meninas são lindas, todas. Algumas com pinta de distúrbios alimentares, ossos da bacia aparecendo e tudo (eu nem tenho esses osso, acho, pelo menos nunca vi... tem uma camada boa de carne aqui no quadril, sabe?). Devem ficar bem em qualquer roupa que vestirem. Andam de biquini e sandália de salto na beira da piscina. É ótimo, não sei porque não pensei nisso antes: as pernas parecem mais longas e ficam mais durinhas, a bunda fica mais empinada pela lordose, que também empina o peito pra frente... e eu de havaianas verdes e velhas... que falta de classe! (secando o veneno escorrendo aqui no canto da boca, senão mancha a pele)... Os chapéus e o óculos escuros enormes, a os olhos fitando sempre acima da linha do horizonte. Inabaláveis.
Agora os meninos, ah os meninos.. todos malhados, músculos tratados por tardes de academia, pele bem cuidada pelo sol, que queima com carinho e tinge dos mais diversos tons de castanho... Cabeleiras cuidosamente esculpidas por pastas, mousses, cremes e secadores. Corpos tatuados (um pouco de descaso com seus desenhos, que mereciam um fator de proteção solar um pouquinho mais forte). Rodinhas de moços medindo os esforços feitos durante a semana, caras de malandros, poderosos, rindo e medindo todas à sua volta.
Mas o mais legal são as babás.
Mamãe e papai tranquilamente sentados à mesa do clube, tomando sua cervejinha, comendo sua porção de cenoura, tomando sol e conversando com outros papais e mamães e curtindo seu sabadão, enquanto as crianças podem brincar tranquilamente com a zelosa babá uniformizada que as acompanha... toda aquela turma de criancinhas lindinhas, com seus amiguinhos lindinhos e as babás lindinhas e uniformizadas em volta... Parece novela das oito, só faltava a Regina Duarte na cena!
Teve também concurso de fantasias da criançada em uma pré matinê(?) de carnaval.
Antes da parte maldosa eu tenho que comentar as fofurinhas... Não tem jeito...uma criançada que dava vontade de morder a buchecha. Como não achar a coisa mais linda uma menininha gordinha de menos de 1 ano, no colo do pai, com roupinha toda cor de rosa e asinhas de tule e lantejoulas? E daí que ela não tá se divertinhdo! Tá tão fofa, tão fotogênica...
Fiquei pensando que se fosse eu, quando pequena, num desses bailes ficaria traumatizada para o resto da vida... eu e minhas irmãs provavelmente seríamos as únicas com fantasias home made. Nos divertiríamos por semanas preparando tudo, inventando o tema, procurando panos entre as coisas do meu pai, cortando, costurando, pregando lantejoulas, testando maquiagens e treinando para o desfile. Quando chegássemos na festa veríamos todas as crianças com suas fantasias de super heróis e princesas industrializadas, Alladins, Incríveis, Minnie Mouses, fadinhas, sereias, todas compradas ou alugadas, com bons acabamentos, com barra, sem erros de costura...
Tá certo, exagerei um pouco no trauma... não ficaríamos traumatizadas, talvez só um pouco deslocadas. E depois falaríamos mal de todo mundo.
Era mais divertido do nosso jeito. Durava mais tempo.

1 comment:

Anonymous said...

Morei 27 anos em Campinas e nunca tive o "prazer" de pisar na Sociedade Hípica Campineira. Sua descrição, no entanto, corresponde perfeitamente ao que eu imagino do lugar. Quanto às babás uniformizadas, um dia te conto com detalhes uma das maiores decepções da minha vida: ver a Silvia Buarque de Hollanda (sim, aquela que cantava no coro de crianças do Saltimbancos, a filha Dele) tomando chá no Leblon, enquanto a babá de uniforme branco ficava no canto da mesa alimentando o bebê.
Beijos, Cris (irmã da Dê)