May 10, 2007

Já tive sérias crises com Campinas, queria ir embora daqui a qualquer custo, pedir o divórcio pra não mais voltar. Achava impossível ter uma vida plena sem conseguir chegar a lugares. Sair à noite era missão dificílima pra uma adolescente que dependia de transporte público (mamãe não era daquelas que levava e buscava de madrugada, nem eu daquelas que pedia que ela fizesse isso). Por muito tempo restringi minhas saídas às rondas noturnas de BG. Quando fui prestar vestibular, pra desespero de minha mãe, prestei São Paulo e Floripa como favoritas e Campinas pra desencargo de consciência e pra ela ficar menos brava (afinal, seria a primeira vez na vida que ser professora de uma instituição daria uma bolsa de estudos pra alguma das filhas). Claro que só passei aqui, e fiquei. Mas aí as coisas já estavam diferentes, a carteira de motorista no bolso, amigos motorizados e que conheciam muito mais da cidade. Péssimo isso, mas que a locomoção motorizada individual mudou minha rotina notívaga, mudou, e Campinas é uma cidade de estradas, pra qualquer canto que vá é mais fácil ir pela estrada. (Entroncamento de rodovias que coloca Campinas no centro da rota de tráfico e roubo de cargas do país) No segundo ano da faculdade veio a aula de urbanismo e com ela o desenvolvimento de um carinho muito grande pela minha cidade. Foram tantos mapas desenhados do centro, o Prestes Maia tentando trazer a modernidade à Campinas com seus planos de tráfego, as novas avenidas que rasgaram a malha urbana, as rótulas e contra rótulas, assim comecei a entender a lógica das ruas e dos bairros, aprendi novos caminhos, e, muito observadora, conheci novos bares, outros lugares... Conhecer a histórias dos cantos deu significado pra eles, não eram mais praças de uma cidade que não era a minha, eles passaram a ter peso, a ter personagens e a sofrer com as mudanças também. E naquele momento eu já era metade Paulistana e metade Campineira.
Fui fazer minha lista e tive que fazer duas, uma de BG e outra de Campinas...

1 comment:

Anonymous said...

Fico feliz em encontrar mais alguém que (apesar de tudo) ama Campinas. Achei que eu era o único. E também a terra do Boi Falô! Adorei sua lista!