May 30, 2007

Queria falar sobre cheios e vazios. Primeiro sobre o vazio.
Do vazio que se estabelece depois de rompimentos, que é fim, e que é preparação do terreno pra situações novas. É incômodo, é pentelho, não dá chão, nem colo, é incontrolável, não adianta ir contra, têm que se entregar pro vazio... um dia o oco cansa e se deixa preencher.
Aí que começa a parte gostosa.
Mas não vou mais me aprofundar sobre o vazio, porque apesar de reconhecer sua importância, não gosto dele.
Numa aula de estruturas na faculdade de arquitetura o professor tentava explicar como funcionavam os agregados do concreto, que a areia preenche o espaço entre os pedriscos, que por sua vez preenche o espaço entre as britas nº1, as nº2 e por aí vai, até que se acrescente o cimento e a água que vão ocupar os últimos pequenos espaços que sobraram pra fazer tudo virar uma coisa só. E depois da cura ele é estrutura.
À estrutura somam-se a vedação, as entradas de luz, de ar, as passagens, os locais de ficar um pouquinho e os de ficar muito tempo... E recomeça a lida de preencher os espaços, pra trazer aconchego, calor e refresco, a impressão da personalidade, a adaptação aos jeitos de usar, os móveis, os tapetes, toda a firula, que são elementos mutáveis, que se acumulam ao longo do tempo, que podem sofrer reformas, receber pinturas novas e luzes diferentes.
Essa parte, o preenchimento do vazio, que é a mais gostosa, é recompensa pelo tempo da cura.

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