Nov 29, 2006
Hoje vou dormir tão bem, mas tãaaao bem...
Acabou a uruca! A aura cinzenta que rodeava o nosso caminho (por que não era só o meu que ela rodeava) foi dissipada.
Às custas de muita vela, incenso, sal grosso, reza brava, e uma coragem reunida depois de um saco muito cheio, conseguimos hoje nos livrar de tudo o que emperrava nosso caminho.
Impressionante a rapidez com que os nós se desataram esta semana.
Segunda-feira foi de pânico total! Estávamos desesperadas com a notícia de que nossos projetos (parados há 2 meses na prefeitura) não seriam aprovados nem por decreto... quer dizer, por decreto do prefeito eles até que seriam, mas ele não tá lá muito interessado em habitação de baixa renda... e pobre lá precisa de casa dentro da lei, fazer parte da cidade formal??? ah! Conta outra!!!
O problema é que sem aprovação não podemos construir, sem construir, neguinho fica sem teto pra morar, sem quarto pra colocar os quatro filhos, sem reboco pra proteger a filha do escorpião... e se eu construir sem a aprovação fico sem minha profissão...
Agora imagine a cena de filme de terror que passa na minha cabeça a cada chuva? Agora multiplique pela intensidade das chuvas que caíram nesta semana? Deu pra maginar minha dor de barriga, a vontade de vomitar?
Desesperadas corremos consultar nosso conhecidos mais idôneos, de moral inquestionável, que nunca fariam uma coisa errada, nosso portos seguros em momentos de abalos na fé e na ética.
Ufa, eles fariam exatamente como estávamos fazendo...
Coragem pra não ceder à pressão que viria no próximo dia...
Mas a terça-feira foi indolor. Chegamos na reunião prontas pra pedir demissão. Ou é dentro da lei e das regras pré estabelecidas ou não é! Simples assim!
Então, não é!
Nos desligamos do programa.
Hoje todos os nós se desfizeram... era isso que nos prendia... era essa energia do mal que atravancava nosso caminho...
Tudo cancelado, o problema não é mais nosso...
E tudo o que estava parado andou!
Como é bom entrar em movimento novamente...
e amanhã eu vou ver o Chico...
Hoje vou sonhar com o Chico cantando só pra mim, no meu ouvido, bem baixinho...
Nov 26, 2006
Pois é, nem tudo são flores... nem no acústico do Teatro Mágico (ah é, ele já começou errado, só foi dar certo mais pro meio...)
Meu emputecimento foi por causa dos flashes.
Ando meio irritada com as máquinas digitais há um tempo. Acho que as pessoas passam mais tempo guardando suas recordações no chip de 1G do que realmente vivendo o momento. Meus registros estão na minha pele, no meu olfato, na minha memória, não num chip. Os pixels mentem depois, os flashes enganam... o que foi visto não tem nada daquela luz chapada que coloca tudo num mesmo plano.
Nego vai viajar e passa mais tempo fotografando pra provar que foi, do andando pela cidade, vendo as pessoas, a paisagem, conversando com o vendedor de sorvete... não pode perder um minuto de registro com medo de sua memória falhar um dia e ele não lembrar exatamente como era o lugar visitado.
Eu sou contra!
Faz parte da minha viagem as distorções da minha memória.
Eu guardo mapas, postais, guardanapos, folderes de hotéis, passes de metrô, fotografias também, mas guardo com mais carinho meu diário de viagem, minhas anotações ao final de cada dia de tudo o que se passou pela minha cabeça. Essa é a minha recordação, não as milhares de foto tiradas aleatoriamente que nunca serão reveladas.
No show domingo passado foi assim.
O clima delicioso de escuridão e silêncio era interrompido por flashes que feriam meus olhos.
As pupilas estavam adaptadas à falta de luz, a retina já captava os poucos reflexos e tranformava em imagens... FLASH!!!
Tontura, cegueira e recomeçava a adaptação ocular ao ambiente escuro.
Muitos flashes, muitos flashes...
e eu ficava tonta com todos eles.
Devo ter perdido muita coisa do show...
Estranho o poder ensurdecedor da luz. Era mais fácil ouvir ali no escuro, a melodia cantada estava mais clara, os suspiros, os cochichos, podia ouvir tudo... até que os flashes barulhentos atrapalhassem minha audição também.
"Carpe Diem"
Nov 25, 2006
Quinta-feira foi dia de Ação de Graças, sabe aquela festa dos filmes americanos que as famílias se reúnem um mês antes do Natal e se entopem de peru, purê de batata, cramberry sauce, stuffing e torta de abóbora? Essa mesma.
Minha família comemora!
Não me pergunte por quê, que eu não entendo não. Minha irmã diria: "que coisa mais americanóide!" Mas é claro que ela não abriria mão da sua parte do jantar.
Por este trecho da enciclopédia Wikipedia dá pra entender meu não entendimento da manutenção da tradição por aqui: "Os primeiros Dias de Ações de Graças na Nova Inglaterra eram festivais de gratitude a Deus, em agradecimento às boas colheitas anuais. Por esta razão, o Dia de Ação de Graças é festejado no outono, após a colheita ter sido recolhido."
Aqui a comemoração é na mesma data que nos EUA, a quarta quinta-feira do mês de Novembro ("o presidente Gaspar Dutra instituiu o Dia Nacional de Ação de Graças na quarta quinta-feira de novembro, em 1949 por sugestão do embaixador Joaquim Nabuco. Esta data é comemorada por muitas famílias de origem americana, igrejas evangélicas, universidades confessionais metodistas e cursos de inglês"), que não é outono, não é final de colheita e não tem nada a ver com a nossa cultura... mas vá lá, tô topando pelos meus antepassados, pra não negar a origem americana metodista e tal, porque a vó ia fazer um bico gigantesco e não falar comigo até o Natal se eu cogitasse não ir sem um motivo muuuuuito bom... e claro, pela torta de abóbora!
Só comecei a escrever por causa da torta.
Quem sempre faz as tortas da festa é minha avó. Ela assa umas 4 ou 5 tortas, leva 3 para a comemoração na igreja e deixa uma pra gente comer depois em casa. Nossa festa é na igreja, não em casa; a reunião é da comunidade americana, não da família, já que a maioria das famílias que frequenta aquela igreja está esparramanda pelo mundo sem possibilidade de reunião em Novembro. A vó nunca come a torta que ela mesma fez, só come a dos outros. Depois da primeira mordida olha para todos da mesa "está boa, mas a minha é melhor".
Dona Phyllis não falha nunca!!!
E ela só faz a torta nessa única noite do ano, então é melhor estar em casa, senão...
Não posso imaginar como seria um ano sem a Pumpkin Pie da vó...
"... eu dou graças por poder comer esta torta mais um ano..."
e aqui está o segredo dela:
Nov 20, 2006
Ontem assisti a um dos melhores espetáculos de música da minha vida, e olha que eu assisti aos Stones em Copacabana bem pertinho do palco!
Dez minutos antes dos caras entrarem no palco acaba a luz. Uma chuva danada fora do teatro, sem notícias da CPFL sobre o retorno da eletricidade.
Platéia toda sentada esperando começa a cantar. Nada de "começa, começa!!!", ninguém mostra a menor intenção de sair de lá sem ver o show, a luz pode demorar, a gente espera tranquilo...
Uns quarenta minutos e nada de voltar a eletricidade. Ventiladores não funcionam sem força, o teatro tem janelas mas não são suficientes, e lá fora também estava quente apesar da chuva. Todo mundo suado esperando.
A trupe entra no palco: nós vamos começar a tocar sem eletricidade mesmo, mas como nossos instrumentos são todos elétricos, vamos precisar da ajuda de vocês, precisamos de silêncio da platéia pra todo mudo poder ouvir.
A platéia nem respirava... às vezes cantava junto baixinho, o que garantiu a afinação do coro (podem chamar a platéia de Campinas pra gravação do acústico ao vivo, já estamos treinados).
Uma luz de emergência retirada de algum corredor do teatro iluminava os artistas no palco, os celulares e baguetinhas fluorescentes iluminavam a platéia... Os flashes das máquinas ganhavam intensidade, machucavam os olhos que já se acostumavam com a escuridão.
Nossa audição estava mais aguçada, todos se esticavam para ouvir o violino que sem a amplificação tocava tímido.
As palmas invadiam o silêncio deixado pelos DJs impossibilitados de tocar.
Quando estávamos todos no clima que nem sentíamos mais a falta da eletricidade ela voltou. Por um minuto apenas, talvez menos, o tempo suficiente para interromper a música com palmas, gritos festejando... mas foi só. O teatro se apagou novamente e o público retomou a música da última estrofe cantada como se nunca tivesse sido interrompida.
E assim continuamos até o final.
Quando a trupe se despedia "... e amanheça brilhando mais forte!" a luz acende mais uma vez!
Oba, agora eles podem tocar mais um pouquinho pra gente sem forçar a voz, sem machucar os dedos...
Foi só o tempo de terminar o pensamento e a luz apagou novamente.
Toca mais! Toca mais! Toca mais!
Mais um pouquinho de Teatro Mágico acústico só para os raros... Toca Realejo! vocês não podem ir embora sem tocar Realejo!!!
A energia elétrica só voltou de vez quando a trupe estava fora do palco recebendo os abraços do público.
Eles mereciam os abraços mais apertados que fossemos capazes de dar, mereciam muitos beijos naquelas bochechas maquiadas, mereciam nossas lágrimas emocionadas, nossa pele arrepiada, nossas orações antes de dormir agradecendo por aquele momento mágico, por nos proporcionar um show tão lindo quanto aquele que acabávamos de assistir.
Não tenho fotos, tenho cada imagem, cada cheiro e cada som daquelas horas de teatro guardadas na minha memória e ninguém tira isso de mim.
Ainda estou em êxtase, andando sem tocar o chão...
"...Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você"
Nov 19, 2006
delícia de sábado com sol sem fazer nada!!!
Nada um pouquinho, descansa um pouquinho, come um pouquinho...
15 minutos de sol de frente, 15 de costas... cai na piscina pra refrescar, volta pro sol pra secar.
Protetor solar 30 no rosto, 15 no corpo. Reaplica toda vez que sai da água e hoje nada de queimaduras, ardidos, vermelhos... Só um leve bronzeado.
Marquinhas de biquini sem o contorno vermelho na pele são ótimas. Tudo para acostumar a pele ao sol para que o verão na Bahia seja tranquilo... e que não me cobrem em Euros os hoteis e as cervejas.
Sucos de cenoura com beterraba complementam a dieta a partir de hoje.
Nov 15, 2006
Não sei pra quê isso, já não basta ser um monte de sangue saindo de dentro de mim ainda tem que ficar doendo???
É uma dor que amolece as pernas, vai dando uma tontura... só resolve tomar ponstan e deitar enrolada no cobertor. Não importa o calor que está fazendo lá fora, o cobertor é necessário.
E sempre vem alguém com a constatação: é bom estar menstruada, pelo menos não tá grávida!
Ah, jura??? Como se houvesse alguma possibilidade de gravidez nesse momento celibatário da minha vida...
táh!
grrrrrrrrrrrrrrr!!!
Que agradável minha companhia hoje... hahah
Melhor ficar em casa assistindo a qualquer filme que estiver passando na tv, tomando um chazinho pra ver se amanheço de bom humor.
Até porque amanhã temos que ter um sorriso estampado no rosto para que entregar as chaves da casa que reformamos para a cliente... feriado trabalhando é foda... ficar procurando defeitinhos e detalhezinhos pra arrumar antes da filha da cliente ver, senão nada de pagamento.
E essa história acabou com minhas unhas, o esmalte tá todo arrebentado!!!
Preferia ter ido pra praia... ai ai... ou ficado tomando sol na beira da piscina... pelo menos teve um churrasquinho no almoço, tarde batendo papo antes de voltar pra fechar a obra.
Melhor parar com minhas reclamações por aqui... cansei.
Nov 12, 2006
Pode parecer meio mórbido pra algumas pessoas, mas eu não tenho problemas com cemitério não, nem com morte na maioria das vezes. Claro que aquelas que vem repentinas e arrancam do nosso lado pessoas que achamos que não estavam prontas pra ir me atrapalham um pouco, mas no geral fico tristinha sem grandes traumas.
Na quinta o vô da Cuca faleceu; seu Luis vai fazer falta, o velhinho era bem bacana, teve projetos "do bem" a vida toda, era ultra correto nas suas atitudes (como a Cuca). Fomos pro velório dele e na sexta de manhã foi o enterro no Araçá. Não tinha dimensão do tamanho daquele cemitério, sempre vi de fora, os muros altos, mas nunca tinha dado a volta completa nele, nem entrado. É enorme, e lá de baixo parece umá favela num morro. Fiquei impressionada com os jazigos imponentes das famílias ricas da cidade, verdadeiros palacetes.
Tinha um túmulo sendo construído com a placa do empreiteiro... demais né? especialista em túmulos...
Hoje fui visitar vovô e vovó no Ghetsêmani com paps, Mila e Lidia, tia Neide não quis ir. Meu pai diz que ela tem lembrança de cemitério em Pirajuí (cidade deles no interior de São Paulo), que as tias faziam competição de quem aparentava mais sofrimento pelo morto visitado (mesmo que ele tivesse morrido meio século antes e nenhuma o conhecesse direito), e por isso acha que vai ser ruim sempre.
Tentei explicar que nossas visitas ao túmulo da vó são sempre felizes, mas surtiu efeito.
Compramos azaléias pra vó Meca. O túmulo dela tava sem plantinhas desde a mudança (minha vó foi enterrada num outro túmulo enquanto o dela não ficava pronto, quando ficou pronto o caixão dela foi pra nossa propriedade). A vó adorava o jardim dela, ele era muito florido e estávamos devendo as flores pra enfeitar a plaquinha com o nome dela lá no cemitério. Limpamos a placa que ficou brilhante agora, plantamos 4 mini-azaléias cor de rosa de 2 tons diferentes, fizemos nossas bagunças lembrando dela, contando causos e fomos procurar o vô.
Casal moderno né? dormindo em quartos separados... heheh
O corpo do meu vô tá sequestrado no túmulo de outra família e a gente não encontra a dona pra pedir autorização pra mudança. Por enquanto ele fica lá...
O dele é sempre o mais fácil de achar, mas desta vez meu pai se confundiu. Acabamos encontrando um outro casal Sebastião e América, na mesma quadra do vô.
A Mila brincando falou "é aquele do lado do toldo" porque da última vez que fomos tinha acabado de acontecer um enterro naquela quadra, desta vez também! hahah
Vô Bastião é vizinho de fundo da Maria Rita do Roberto Carlos, descobri isso hoje. Olha só...
Plantamos mais azaléias pra ele e já arrumamos a terra pra plantar alguma outra coisa em Dezembro, quando ele completaria 100 anos. Limpamos a plaquinha, polimos e agora tá bonitinho lá.
Enquanto o pai ia levar flores pra uma amiga dele que está lá também, a Mila e eu continuamos a nossa busca pelo Gui.
No ano passado fomos procurando túmulo por túmulo debaixo de um sol danado, mas nada dele... É que meu pai lembrava de ter ido pra um lado, eu lembrava de ter descido pelo outro, mas lembrava mais da chuva e do Ti chorando do que do caminho, e a Mila lembrava da Teca e não lembrava do caminho. Decidimos então plantar o bulbo de flores e fazer nosso homenagem pro nosso amiguinho querido num jazigo sem placa. Este ano, mais uma vez sem endereço, porque o sistema de busca do Ghetsêmani não tem muitas variáveis, resolvemos levar as flores pro jazigo que escolhemos no ano passado.
E quem disse que nossa memória era boa assim? Desta vez até envolvemos um dos jardineiros que achou o maior barato a nossa busca. Ele se divertiu com as duas desvairadas procurando uma coisas que elas não tinham a menor idéia de onde estava apenas por lembrarem da posição da torneira mais próxima e que era descida.
Agora tô cismada que procuramos pelo número errado... não lembrávamos a zona e achávamos que a quadra era 10, de certeza só o jazigo 100. Agora tô pensando que era na Zona 5, quadra 5, jazigo 100; eu marquei num papel, vou procurar depois... acabamos deixando as rosas amarelas pra ele na Z1,Q10,J3 acreditando que na terceira vez teremos mais sorte.
A Mila acha que o Gui tá de sacanagem, apaga o nome quando fazemos a busca e muda a ordem dos números dos jazigos só pra gente ficar procurando enquanto ele ri da gente. Ela vai atrás de todo quero-quero que pousa num túmulo e pia achando que é um sinal... é uma fadinha essa minha irmã...
Essas brincadeiras todas são só pra matar as saudades. Acho que eles ficam mais felizes de serem lembrados e homenageados com risos (gargalhadas às vezes, porque não sabemos nos comportar direito) do que com tristeza e lágrimas.
E hoje devem estar em festa lá no Céu com a sanfona de Mário Zan que acabou de chegar lá...
Saudades...
... "La vai a chalana Bem longe se vai Navegando no remanso Do rio do Paraguai..."
ps.: planos de viagem incluem as festas de Todos os Santos no México, aquela que as pessoas passam a madrugada festando nos cemitérios homenageando seus mortos... um dia eu vou.
Na festa do Joel no sábado os amigos estavam comentando: "quando chegar na idade dele quero estar assim também" e riam da sacanagem com o amigo que era recebido como novo membro do grupo da melhor idade.
O Joel é amigo da minha família muito tempo antes de eu pensar em vir pra este mundo, pelos meus cálculos ele já faz parte desta história há uns 42 anos. Foi amigo de adolescência da minha mãe, aluno do meu avô, é um dos filhos tortos da minha avó, mais um desses que ela adotou pela vida... ou seja, é meu tio torto.
Ele é um gaúcho com um vozerão que ocupa o espaço todo, fala com todo mundo e tá sempre de bom humor, fazendo piada com tudo. Tá sempre bronzeado da praia (por sinal, muitas das minhas lembranças de pequena são da casa dele em Caraguá, que a gente tinha que passar óleo pra se livrar dos mosquitos da cachoeira). Claro que o cara ia chegar aos 60 parecendo ter muito menos. É só dar um "google" no nome dele que sempre vem acompanhado de alguma coisa muito legal, está sempre relacionado à cultura, cinema, música, prêmios... Ele faz coisa que deixam as pessoas felizes, mais sabidas, o trabalho dele é esse, não é bom demais?
Lebro que quando chegou no velório do vô ele, minha mãe e minha tia se abraçaram e começaram a chorar muito, mas muito mesmo... minha mãe ainda não tinha chorado muito, ela tinha passado a madrugada e a manhã cuidando das providências para o velório e a cremação, não tinha dado tempo. Quando ele chegou deu tempo. Já em casa, depois da cremação ela comentou: "tão bom que a gente pode chorar assim tão gostoso com o Joel".
Quando recebi o convite pro aniversário dele pensei "eu é que não vou perder essa festa!!! Joel e Jane dão ótimas festas!!!". Claro que era também porque ele (e a família toda, Jane e as crianças) são muito queridos e me senti muito feliz de ser convidada pra estar com eles. Peguei busão pra Bertioga depois de ter passado a madrugada numa festa, peguei um circular que fez um tour pela cidade e finalmente cheguei ao SESC Bertioga onde aconteceria a festa. Valeu à pena, a festa foi ótima, o dia premiado com céu aberto mas pouco calor, comida maravilhosa, decoração lindíssima e montes de pessoas queridas...
Resolvi escrever aqui porque não escrevi no livrinho que passava pelas mesas e que ele só recebeu depois da festa, mas achei que deveria comentar...
Nov 8, 2006
Adianta falar que não dá pra coração bater nessa velocidade que a situação não vai mudar?
Repita o mantra comigo: "ele simplesmente não está afim de você", agora fale mais alto, três vezes seguidas, respire fundo, dê uma pirueta. Entendeu? Comporte-se!!!
Vamos lá, sem recaídas, você que decidiu isso!!!
ai... nem um pouquinhozinhoinho? só um belisco? não? ah fiquei triste :,(
Ele é tão gostosinho, tão calado, tão... pedindo para ser desvendado. Tem abraço tão apertado de estar feliz de te ver assim sem ter combinado, mesmo de boca cheia comendo sanduíche (light, ainda estamos de regime), branca de susto de encontrá-lo ( por ele aparecer dois segundos depois de ter terminado de contar pra amiga a história de você dois)...
E deixa a família e vem sentar ao teu lado, não de quina na mesa (45°), ele puxa a cadeira de lado pra ficar mais perto, repara nas mãos, repara no brinco novo (só pra esclarecer, piercing na orelha, mesmo de encaixe, é coisa recente no figurino da moça aqui), pergunta do show que vocês iam juntos...
É leve como o vento, na verdade, como brisa, que só passa acariciando e deixando arrepiada...
droga!!! repita mais uma vez, desta vez de verdade: "ele simplesmente não está afim de você!!!"
droga! droga! droga!!!
e os fantasmas se divertem...
segundo a Lê, é culpa do feriado de finados que eu não fui visitar meus avós.
Nov 7, 2006
Nada como aqueles contos de noite de Natal não, mas fiquei repensando a vida.
Encontrei meu ex-sobrinho com meu ex-concunhado. Ex sobrinho é estranho né? A história é assim: a irmã de um ex-namorado engravidou enquanto namorávamos, e o filho dela (que fui até fazer pré-natal) eu chamava de sobrinho até terminar o namoro. Então, agora, o menino e o marido dela são ex-sobrinho e ex-concunhado.
Relações explicadas?
No final do ano passado esse ex-namorado resolveu casar (com a menina com quem ele namorava enquanto namorava comigo, é isso mesmo que você leu). Confesso que surtei... Não, não era saudade não, era despeito mesmo. Ora, onde já se viu canalha daquele tanto, boa vida, folgado casando antes de mim?
Pior, eu sem namorado!!! Fiquei puta da vida!!!
Mas o que me fez ficar pensando na vida foi o comentário do ex-cunhado de que a família toda inclusive o ex consideram que ele se ferrou quando me largou. Que foi um erro dele. É que a vida de casado deve ser mais difícil do que ele achava que seria.
Mas vou defender o bofe.
Não me mate!!! Não atire pedras antes de ler.
Eu acho mesmo que a melhor idéia que ele já teve na vida foi terminar aquele maldito namoro comigo.
O que seria de mim se não tivesse terminado aquela bomba?
Imagine só que trapo de pessoa, obesa, nerd, nerd e só, mais nada... apolítica, sem pimenta, isolada do mundo com seguranças por perto, com medo de fazer novos amigos por risco dele invocar com a pessoa e arrumar briga... eu hein, bate na madeira!!!
Eu não teria conhecido o Brasil todo, não teria passado noites em baladas, vomitado no banheiro do bar e depois beijado alguém desconhecido, não teria participado das oficinas de selinho e banalização das relações humanas.
Não teria aproveitado um cruzeiro transatlântico com tanta intensidade, como não aproveitei tudo o que podia da viagem a Portugal (ah, que tonta, os olhos azuis daquele moreno querendo te jogar na parede e chamar de lagartixa e vc nem tchum... tonta! não teria perdido essa...)
Não teria ido ao show dos Stones em Copacabana, teria morrido de vontade de ir, mas não iria.
Não saberia diferenciar dois rótulos de cachaça, não teria experimentado tiquira, pisco e outras coisas mais. Não dançaria um cacuriá jamais...
Não teria aprendido a abraçar tão forte e a me entregar de corpo inteiro pra tudo o que faço. Não seria uma chorona conhecida, ou não seria conhecida por ser chorona em despedidas.
Não teria amado tantas novas pessoas. Nem cogitaria dividir meu colchão com elas, quanto mais dormir de conchinhas. Eu não flertaria com essa desenvoltura, eu simplesmente não flertaria, e não seria capaz de reconhecer um flerte.
Não teria me apaixonado e partido meu coração em pedaços pequenininhos tantas vezes. Talvez não tivesse acontecido vez nenhuma (que vida sem graça seria essa sem paixões ao primeiro discurso, sem foras homérios seguidos de vômitos).
Não teria percebido que eu também partia corações.
Meu círculo de amigos não se estenderia por todo o território nacional e mais um tanto pra fora.
E esses amigos que hoje eu tenho tanta saudade, que vivem longe e estão tão perto, que são confidentes, que eu sei que posso confiar, que me conheceram de coração aberto com todas a minhas imperfeições e gostaram mesmo assim, talvez eu nem os conhecesse... que triste seria não conhecê-los.
Eu exibiria apenas tons pastel e tentaria apagar as cores quentes, os aromas picantes... eu fico tão melhor em cores quentes, sons agudos, aromas picantes e rítmos acelerados.
Eu sou tão mais feliz com essa eletricidade que passa livre pelo meu corpo.
Talvez eu não soubesse até hoje o que me dava prazer.
Agora eu sei.
Por isso eu defendo a decisão do traste, me dar um pé na bunda foi a melhor coisa que ele podia fazer e eu agradeço.
Só não apareça por aqui!!!
Nov 5, 2006
Feriadão, sem dinheiro pra sair, pra viajar, nem pra tomar sorvete na esquina (sorvete light, picolé de limão sem açúcar...) tédio total, Amélia veio me visitar.
Amélia vive dentro de mim, usa lenço no cabelo pra proteger da poeira, chinelos havaianas, shortinho, camiseta regata ou top. Tem as unhas destruídas por produtos de limpeza, e um suave perfume de lustra móveis a acompanha, está sempre suada e meio suja de limpar a testa com o dorso das mãos.
Aproveitando o feriadão Amélia veio pôr ordem na casa.
Começou com a Mila... Mila não precisava de faxina, precisava de ajuda antes de fazer a faxina na outra casa dela. Precisava de uma ajuda empreendedora agora que resolveu virar "gente grande", como ela mesma diz; e o tal do curso do SEBRAE feito em Agosto e Setembro seria ótimo para esse empurrão. Passamos a 6ª e o sábado desenhando a micro-empresa, só falta um nome!
Foi divertido, bem divertido (louca, nerd!!! passa o feriado estudando e acha bom!!!)
Ficamos animadas, ela por ver que é viável "embelezar o mundo" e ganhar dinheiro, e eu por vê-la animada assim, confiante de que vai dar certo, sem os medos que estavam travando o trampo.
Que lindinha essa minha irmã...
Agora que estreiou a peça que ela fez o figurino (O Círculo de Salomão, SESC Av. Paulista, todo sábado, 16h, até dia 2511) e todo mundo tá elogiando ela tá "se achado"!!!
Voltando!!!
Sábado foi a vez do escritório.
Fizemos uma reunião familiar para decidir o uso do 3° terço do galpão. O galpão, até 2004 era o entulho da casa, onde ficava tudo o que não sabíamos como guardar dentro da casa, agora, 2 terços dele são ocupados pelo Móbile Ateliê de Arquitetura, o terceiro terço ainda é um entulho.
O que iniciou a crise foi o tear enorme que a Mila trouxe de Pirenópolis e que está montado dentro do meu quarto e virou cabide. Ele ocupa mais espaço do que a minha cama e a dela juntas e me deixa desesperada toda vez que tenho uma dessas crises de organização (não dá pra organizar um quanto e um tear em 12m². Não dá!) e eu queria montar lá um espaço pra colocar o tear da Mila e pra Alice pintar, por que eu sou uma boa irmã e tava pensando nas duas... heheh
Com a abertura da firma da Mila, o tear vai morar com ela e me deixar em paz. Ufa!
Mas a ocupação do 3° terço continuava uma pauta delicada. Foram dadas as seguintes opções:
- um laboratório de fotografia (proposta da Li vetada por uma absoluta falta de verba e pela certeza de que ele não seria utilizado mais do que 2 vezes num ano e depois nunca mais)
- um salão de jogos, com vídeo game, telão, tv, mesa de carteado (só faltou o frigobar e garçons na proposta da Li)
- um quarto pra Ju (ela confessa que bebeu e que sobrava espaço no papel por isso fez a proposta, defendeu dizendo que seria muito importante pra formação dela acordar no meio do Móbile)
tinha mais duas propostas inviáveis apresentadas pela Li, a Mila nem falou nada, a parte dela já esva resolvida. A Lu só não queria briga, e queria a Tico-tico e a bancada. Montes de coisas vão pra Sampa, pra montar o ateliê da Mila, o que fica, monta o ateliê da Li no 3° terço e eu me livrei do baú de madeiras!!! GRANDE VITÓRIA!!!
Hoje a Lu resolveu dar início à grande arrumação, começou pelo entulho na lavanderia. Sobrapar vai ganhar tanta coisa... Já abriu espaço pra levar as tralhas do galpão.
Será que Amélia migra ou contamina como vírus? Será que outras pessoas da família terão ímpetos de arrumação???
doce sonho...
outro dia ouvi que arrumação é coisa de fêmea em época de reprodução... passarinha faz ninho, coelha arruma toca... mulher arruma a casa... ai socorro!
Nov 1, 2006
Que horror!!!
Refrigerante light, eca! Na despensa agora só entra 0% de gordura, light, gelatina e salada...
Pior é que acho horrível contar calorias, comparar tabelas nutricionais antes de comprar atrapalha a compra.
Uma compra de supermercado pra família que normalmente levaria 1h e meia pra fazer agora leva uma hora a mais, saio cansada triste... é muito mais gostoso fazer supermercado imaginando aquela macarronada ao olho branco, o mousse de sobremesa, ai ai...
Sem contar que é impossível escolher entre as gelatinas, os grãos de soja, qual adoçante tem menos gosto de adoçante (tô achando melhor tomar café amargo mesmo), a torradinha, o queijo branco (sinto muito, mas queijo branco light tem gosto de pasta de celulose, papel sulfite batido no liquidificador... blargh!).
Já era complicado fazer compra por conta das alergias respiratórias na família (alguém sabe se cheirar desinfetante vicia?), todo perfume, por mais leve que seja pode desencadear crises, ou guerras. Antes de comprar sabão em pó, amaciante, desinfetante, cera, lustra móveis (por sinal, encontrei um lustra móveis sem perfume!!! iei!!!), shampoo, sabonete... tem que cheirar tudo! Se parecer forte não pode, senão, dá pra testar, aí os narizes mais sensíveis vão avisar se pode continuar usando.
Perfumadores de ambiente, aqueles neutralizadores de odores alheios do banheiro, nem pensar!!! Velas perfumadas também não.
Agora vem essa história das comidas, só pra complicar ainda mais.
Ah é, são dois regimes de eliminação de peso e um para ganhar massa. Caramba!!! Fica difícil resistir às bolachinhas...
Mas tô forte e decidida! Verão 2006-2007 morena e magra!
Happy Hour ontem tinha cenourinha, cebolinha, queijo branco. Refrigerante light e água... supercomportada!!! No próximo vou pedir um prato de rúcula.
É, a salada tá liberada, temperando com limão, sal e azeite, posso comer o maço todo da alface.
hahahah